Em janeiro de 2022, escrevi um post falando sobre a Apple valendo US$3 trilhões. Desde então, as ações da empresa passaram por uma série de quedas que reduziram consideravelmente o seu valor de mercado.
A queda nas ações da Apple tem gerado preocupações entre os investidores, mas é importante analisá-la no contexto do mercado geral e do americano para entender se o problema é específico à empresa ou se reflete uma tendência do mercado.
Na tabela abaixo, relacionei o valor das ações da Apple e de algumas das principais empresas de tecnologia entre janeiro de 2022 (quando a Maçã alcançou US$3 tri de valor de mercado) e fevereiro de 2023. Na última linha, coloquei também a variação em pontos da NASDAQ, bolsa de tecnologia americana.
Empresa | Janeiro de 2022 | Fevereiro de 2023 | Variação (%) |
---|---|---|---|
Apple | US$180 | US$155 | -14% |
Microsoft | US$310 | US$250 | -19% |
Amazon | US$150 | US$97 | -35% |
US$138 | US$90 | -35% | |
Meta | US$314 | US$174 | -45% |
Tesla | US$311 | US$206 | -34% |
NASDAQ | 14.868 pontos | 12.041 pontos | -19% |
• Os valores foram arredondados para duas casas decimais, a fim de facilitar a visualização.
• Amazon, Google e Tesla passaram por desdobramento de ações em 2022 e os valores foram considerados com base na composição atual.
• Dados retirados do Yahoo Finance.
A tabela mostra que todas as empresas de tecnologia listadas apresentaram quedas em suas ações entre janeiro de 2022 e fevereiro de 2023. A Apple teve uma redução de 14%, enquanto a Microsoft sofreu uma queda de 19%; Amazon e Google caíram 35%; Meta despencou 45%; e Tesla diminuiu 34%. O índice NASDAQ, que inclui muitas empresas de tecnologia, também apresentou uma queda de 19%.
Com base nessas informações, podemos concluir que a redução no valor das ações da Apple não é um problema isolado da empresa, mas sim uma tendência do mercado de tecnologia como um todo. O mercado acionário dos Estados Unidos tem sido impactado por diversos fatores, incluindo a pandemia, a inflação crescente, as preocupações com a desaceleração econômica e a turbulência geopolítica. Estes fatores têm levado os investidores a se tornarem mais cautelosos e a reconsiderarem suas posições em relação a ações de empresas tecnológicas. A falta de confiança dos investidores resultou na queda acentuada do mercado de ações, o que se reflete nas variações negativas apresentadas na tabela acima.
Apple
Vamos analisar um pouco a Apple, especificamente. É importante lembrar que a empresa continua sendo uma das mais valiosas e lucrativas do mundo, com uma base sólida de produtos e serviços, e um histórico comprovado de inovação. Além disso, a organização tem demonstrado resiliência em momentos de crise, recuperando-se rapidamente de quedas anteriores no valor das ações.
A Apple é uma líder em tecnologia que tem um histórico de crescimento constante, no entanto, não é imune aos altos e baixos do mercado. Além disso, a empresa tem enfrentado desafios internos, como a evasão de altos executivos, que pode comprometer a confiança do mercado, a desaceleração das vendas de iPhones e a concorrência acirrada no mercado de dispositivos móveis, o que podem ter impactado de forma específica o seu desempenho. Por outro lado, seu portfólio diversificado de produtos e serviços, incluindo Apple Watches, AirPods, iPads, Macs e serviços de assinatura, como o Apple Music e o Apple TV+, demonstra a capacidade da empresa de expandir sua atuação além do mercado de smartphones.
Destaca-se, ainda, que a Apple permanece uma empresa sólida, com um fluxo de caixa saudável e uma base crescente de consumidores leais. O recente declínio no valor das ações pode representar uma oportunidade para os investidores que desejam comprar ações da empresa. A longo prazo, a Apple tem um potencial de crescimento significativo, com novos produtos em desenvolvimento e oportunidades de expansão em mercados emergentes. Além disso, a empresa tem um histórico consistente de recompra de ações e de pagamento de dividendos aos acionistas.
Um último ponto importante a considerar é que, em meio à onda de demissões (lay-offs) nas empresas de tecnologia do mundo — que chegou a 200.000 funcionários desligados, sendo quase 50.000 só nas grandes companhias (Microsoft, Amazon, Google e Meta) —, a Apple foi a única que não fez demissões em massa — ainda que tenha demitido.
Apesar da queda no valor das ações, a Apple pode ser uma opção interessante para investidores com uma visão de longo prazo, os quais acreditam no potencial da empresa e na recuperação do mercado de tecnologia. No entanto, é fundamental que os investidores avaliem seus próprios objetivos, tolerância ao risco e horizonte de investimento antes de tomar uma decisão.
Em conclusão, a queda no valor das ações da Apple deve ser analisada no contexto do mercado geral e americano, e parece ser mais um reflexo de uma tendência do mercado de tecnologia do que um problema específico da empresa. Para investidores pacientes e com uma visão de longo prazo, a queda no valor das ações pode representar uma oportunidade de aquisição, desde que estejam dispostos a assumir os riscos e incertezas associados ao atual ambiente de mercado.