Nesta sexta-feira, o Apple Vision Pro finalmente chegará às lojas dos Estados Unidos após duas semanas de pré-venda. E, apesar de o headset da Maçã ainda estar dando os seus primeiros passos, já é possível observar os efeitos do dispositivo na concorrência, o que inclui a Meta.
A empresa liderada por Mark Zuckerberg está no mercado de headsets de realidade virtual/aumentada há algum tempo, tendo lançado os dispositivos da linha Quest 3 em outubro do ano passado. Embora o aparelho de computação espacial da Maçã possa ser visto com uma ameaça para esses produtos, os funcionários da companhia estão, surpreendentemente, vendo o seu lançamento como algo positivo.
De acordo com fontes ouvidas pelo The Wall Street Journal, executivos da Meta estão “otimistas” com a entrada do Vision Pro no mercado, na medida em que a presença da Apple no setor poderá validá-lo e atrair mais consumidores. A ideia da fabricante do Quest 3 é se posicionar como a principal alternativa do setor de headsets de VR/AR, ocupando o papel desempenhado pelo Android no caso dos smartphones.
Outro ponto interessante é que, mesmo antes do lançamento, o Vision Pro já está influenciando o pensamento da Meta quanto aos seus dispositivos de VR/AR. Se antes a empresa dava mais ênfase ao metaverso e a experiências de realidade virtual, hoje é o conceito de realidade mista que tem ganhado mais atenção — já no Quest 3 —, com imagens virtuais sendo inseridas sobre o que se está vendo, que é o foco do dispositivo da Apple.
Além disso, alguns desenvolvedores estão adotando a lógica do visionOS de usar os olhos e gestos com as mãos para controlar o sistema e aplicativos. O Quest, da Meta, é primariamente baseado em um controle que acompanha o dispositivo, apesar de também funcionar com gestos feitos com os dedos.
Os dispositivos da Meta também são muito mais baratos que o Vision Pro (US$500 contra os US$3.500 do headset da Maçã), o que certamente ajudou a empresa a vender 2,7 milhões de dispositivos de VR/AR no quarto trimestre de 2023 — ainda que os dispositivos correspondam a apenas cerca de 1% da receita da empresa. Apesar disso e do benefício que pode ser estendido a todo o mercado, a concorrência da Apple também deverá impor desafios à companhia liderada por Zuckerberg.
Mesmo com as dificuldades em matéria de apps para o visionOS, a Apple ainda conta com uma base de desenvolvedores dedicados a outros dos seus sistemas muito maior que a da Meta, o que deverá ser um desafio para esta. A infraestrutura semelhante à já existente de desenvolvimento da Maçã também é um fator que poderá facilitar a criação de apps para o headset e, assim, estimular o seu sucesso.
A estratégia da Maçã com o Vision Pro também poderá se mostrar mais atrativa para os consumidores, na medida em que há um foco tanto à realidade mista e a não isolar o usuário quanto a apps e tarefas já feitas em outros dispositivos. O Quest, por sua vez, conta com mais jogos, experiências de fitness e redes sociais, além de estar — ao menos até o momento — mais voltado para VR.
Vale lembrar que as duas empresas já estiveram em alguns embates quanto à lógica do uso de dispositivos de VR/AR e sobre o metaverso; a influência da Apple sobre a Meta pode ser um indício de uma certa “vitória” daquela sobre essa. O possível desenvolvimento de modelos mais baratos do headset da Maçã também poderá aumentar a competitividade da empresa perante a dona do Facebook.
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