Luciano Flehr é terapeuta BodyTalk e apaixonado por tecnologias. Leitor e patrão do MacMagazine, ele participou do MacMagazine no Ar #315, no qual comentou sobre o — na época — recém-lançado Galaxy S10+ e nos prometeu escrever um pouco sobre a transição de um iPhone para o atual topo-de-linha da Samsung.
O meu histórico
Sou usuário de produtos Apple desde 2012, quando a empresa lançou o iPhone 5. Desde então, me apaixonei pela marca e fui comprando os aparelhos necessários no meu dia a dia (MacBook, iPad, AirPort e outros).
Toda a minha vida digital estava integrada à linha Apple, e essa integração do ecossistema da Maçã me ajuda muito no trabalho (sou terapeuta) com questões envolvendo agenda, calendário, GarageBand e outros aplicativos que uso como o GoodNotes (app que utilizo com o meu iPad Pro + Apple Pencil para escrever informações dos meu clientes).
A Apple me encantou por muito tempo, até que comecei a perceber que o iPhone estava ficando para trás em alguns quesitos, nos deixando sem acesso a possibilidades que outras empresas estavam implementando. Isso, é claro, sem falar dos preços absurdos praticados aqui no Brasil.
Ninguém nunca trouxe um dispositivo do exterior (com preços mais justos) para mim, então eu sempre tive que comprar meus produtos por aqui. Isso aconteceu até o iPhone 7 Plus, meu último smartphone da Apple.
Eu esperava por novidades que, para a minha frustração, não vieram com a dupla XS e XS Max. Foi assim que meu olhos se voltaram para o Samsung Galaxy S10+ — e eu literalmente paguei para ver. Tive muita relutância, pois teria que fazer uma grande transição de apps (muitos deles só disponíveis para iOS, então teria que optar por novas opções no Android). Além disso, sempre escutei que o sistema operacional móvel do Google travava, não era seguro, entre outras coisas que me deixavam preocupado.
Fui pesquisar sobre tudo isso e vi que o cenário atualmente não está tão ruim assim. Sem falar, é claro, que as novidades do Galaxy S10+ (na minha opinião, obviamente) acabaram deixando o iPhone “no chinelo” — entre elas eu listo a super câmera lenta, a estabilização da câmera, as fotos noturnas (que são muuuito melhores), o carregamento rápido, a bateria de 4.100mAh (que dura o dia todo), etc.
Bem, vamos ao que muitos estão esperando: saber como está sendo este meu primeiro mês e meio usando o Galaxy S10+.
A transição
Quando recebi o aparelho e o vi pela primeira vez, achei tudo muito bem acabado. Ele veio com uma película para preservar a tela, algo que, imagino, seja importante por conta do sensor biométrico ultrassônico. Na caixa, além disso, temos o carregador, o cabo e um adaptador USB-A para USB-C.
Fui fazer a transição e já me deparei com o primeiro problema: como meu iPhone estava com os dados criptografados, eu tive que resetar o aparelho (configurações de fábrica) a fim de zerar o código pois não lembrava mais qual era. Só com isso, perdi uma hora e pouco.
Com esse problema resolvido, fui para a segunda etapa. Como eu tinha muita coisa no iPhone, levei umas duas horas para transferir o backup dele para o S10+. O app Smart Switch da Samsung é muito simples e faz o que se propõe.
Nessa transição de dados, faço uma ressalva: eu perdi meus backups do WhatsApp Messenger do iPhone pois eles são específicos da plataforma (iOS vs. Android), ou seja, não são compatíveis — convenhamos, um enorme absurdo.
Telefone devidamente pronto, hora de baixar os apps. E nessa hora, o primeiro ponto positivo: enxuguei meus apps. Havia aplicativos no meu iPhone que eu raramente usava. Então, aproveitei a oportunidade para baixar apenas os principais, aqueles que eu realmente uso e que fazem parte do meu dia a dia. Isso, porém, me gerou uma pequena frustração por conta de duas ausências: os apps Calendars 5 (da Readdle) e Due (da Due Apps) — eles não têm versões para Android, uma grande pena.
Usabilidade
Muito acostumado e totalmente adaptado ao iOS, fui me aventurar no Android. E aqui, uma boa surpresa pois ele é muito simples de configurar. Alguns detalhes das configurações eu tive que ir fuçando mesmo, mas consegui aprender numa boa.
O aparelho é rápido, mesmo tendo o processador Exynos. Achei o posicionamento dos apps na tela bem tranquilo, e um detalhe que eu gostei no Android é que, quando você faz o download de um app, ela fica uma pasta oculta; basta tocar de baixo para cima e ela aparece; aí, você pode colocar o app no Deck.
O alarme do aparelho, por exemplo, eu achei muito bom e até mesmo mais prático que o do iOS.
Uma coisa que sinto muito falta da minha experiência no iOS e que eu critico bastante no Android, todavia, são as notificações. Acredite, elas são muito melhores no iPhone. No Android elas ficam se juntando, formando um monte de ícones que só saem se você apagar todos de uma vez só ou um a um.
Outra coisa que percebi é que os ícones de informações dos apps são falhos ou inexistentes. Pode ser algo fruto da minha falta de conhecimento em relação ao sistema, mas… o que eu sei é que o WhatsApp, por exemplo, não mostra quantas mensagens eu tenho; já o Any.do não mostra o número de tarefas que eu tenho para fazer. Pode até existir uma forma de corrigir isso, mas eu ainda não consegui habilitar como existe no iOS.
A câmera
Aqui, o aparelho brilha demais. Na minha opinião, dá de 100 a 0 no iPhone — e olha que eu achava a câmera do iPhone muito boa. Mas preciso fazer um disclaimer que, imagino, deva pesar bastante nessa avaliação. Como comentei acima, meu último iPhone foi um 7 Plus e, por mais que a câmera dele seja boa, é fato que a câmera da dupla XS/XS Max (os atuais concorrentes do S10+) é bastante superior. Traçando um paralelo, é como se eu estivesse comparando a câmera do S8+ com a do S10+ (e, sem dúvida, também há uma grande diferença aqui).
Mas a câmera é, sim, fantástica. Fotos no escuro são surreais de boas; a câmera ultra wide dele é particularmente espetacular, e o aplicativo da câmera também é muito eficiente — me pergunto por que a Apple não faz isso para seus usuários.
Sensor ultrassônico
Aqui, a Apple ganha de lavada. O sensor do S10+ é bonzinho, mas é preciso posicionar o dedo algumas vezes ou com a pressão correta para que tudo funcione — pelo menos com o meu dedo é assim. Eu nem habilitei o sensor de rosto porque li que ele é bastante inseguro.
Sem dúvida, o sensor ultrassônico ainda pode melhorar muito.
Carregamento e bateria
Nesses pontos, a Samsung também foi mais feliz. Eu carrego o meu celular todo de 20% a 100% em uma hora; em apenas meia hora, ele já está com 60% de bateria.
Nos primeiros dias de uso eu fiquei com o celular sem carregar para ver como seria a autonomia da bateria. Acordei às 4h da manhã para o trabalho e, às 20h, a bateria ainda estava com 40%. Por que o iPhone não pode ser assim, também?!
Outra coisa que vale comentar é que eu nunca senti o aparelho esquentar absurdamente, nem mesmo recarregando ou jogando.
Pontos negativos
Essa todo mundo está careca de saber, mas vamos lá: o sistema operacional recebe poucas atualizações. Eu estou acostumado com o iOS, que vez ou outra recebe um update para corrigir algo. Na Samsung, não é assim. E isso acaba perpetuando bugs.
Existe um, por exemplo, no sensor da tela. Quando o aparelho está no meu bolso, vira e mexe escuto como se alguém estivesse “teclando” nele — não chega a acender a tela, mas isso incomoda.
Outro dia, a lanterna acendeu repentinamente no meu bolso. Mas isso não acontece sempre — eu não consegui ainda identificar o cenário que faz isso acontecer.
Já esse ponto negativo que eu comentarei não é do aparelho em si, mas do atendimento da Samsung. Liguei para o serviço ao cliente deles pois comprei o S10+ e, na teoria, deveria ter ganhado um brinde. Bem, até hoje eu não recebi esse brinde. Quando fui reclamar sobre o assunto, eles me disseram que poderia levar até 60 dias para eu receber — obviamente, achei tudo isso bem ruim, até porque essa informação (que o brinde seria enviado após o recebimento do S10+ ou algo do tipo) não estava disponível no site quando fiz a compra.
Também fui a algumas lojas da Samsung para comprar capas e um carregador. Aí, é inevitável a comparação com a Apple: Parece que eles estão nos fazendo um “favor” ao nos atender. Péssimo atendimento, cuidado zero e nenhuma empatia com o cliente. Neste quesito, a Apple dá de 1.000 a 0.
Conclusão
Tenho gostado muito do S10+ e, a cada dia, ele vai me conquistando mais. Tirando a questão de alguns apps que não têm compatibilidade com o sistema Android e esse meu problema com as notificações, tenho que confessar que, às vezes, nem lembro do iPhone.
Em alguns momentos, porém, eu queria estar com um iPhone por conta da integração dele com o meu Mac, o meu iPad e, é claro, por conta do Apple Watch. Mas tendo passado para o outro lado, a Apple vai ter que apresentar algo muito bom neste ano para me fazer voltar pro pomar — essas “migalhas” que ela nos dá, infelizmente, já não bastam mais.
Estou com um celular nas mãos que poderia ser da Apple. Na verdade, que poderia ser melhorado por eles, mas a impressão que eu tenho é que se acomodaram e estão se apoiando apenas no nome, na fama construída. Espero que a Maçã possa se superar e perceber que o mais importante são os clientes e seus anseios.
de Samsung
Preço à vista: a partir de R$ 4.398,36
Preço parcelado: em até 12x de R$ 458,25
Cores: branco, preto [cerâmica] ou azul
Capacidades: 128GB, 512GB ou 1TB
Lançamento: fevereiro de 2019